Lexus IS300: um japonês criado em Nürburgring

Como anda o luxuoso rival de Audi A5, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C

Fabio Aro
Menor sedã da Lexus, IS300 foi lançado há cerca de um mês no mercado brasileiro; modelo de luxo usa leds nos faróis e lanternas, belas rodas de liga leve aro 17 que reforçam sua esportividade, e custa elevados R$ 218.500

Fiquei reticente à primeira vista. Disseram-me na apresentação que o IS300 é o modelo mais divertido de dirigir da Lexus no Brasil. A mecânica reforça a tese: motor 3.0 V6 aspirado a gasolina de 231 cv de potência aos 6.200 rpm, e energéticos 30,6 kgfm de torque aos 4.400 giros. São 7,1 kg para cada cavalo (1.656 kg em ordem de marcha). O coeficiente aerodinâmico de baixos 0,28 Cx impressiona. E a tração é traseira. Quer dizer, o que faltava para decretar que o sedã médio é um esportivo? Olhei de longe, observei cada traço antes de entrar na cabine. As linhas são modernas, elegantes, mas não muito extravagantes – é a tal “L-Finesse”, linguagem estética atual da grife de luxo da Toyota.

Ao acessar o interior, novamente hesitei. Tudo aponta o alto luxo. Madeira nobre no painel e nas portas, couro delicioso de tatear, assento super confortável, design elegante (“comportado”), acabamento de primeiríssima e uma série de eletrônicos sofisticados. A lista tem ar-condicionado digital de duas zonas, aquecedor e resfriador nos bancos dianteiros, chave inteligente com partida por botão, ajustes elétricos nos bancos e no volante com memória, sistema “smart entry” (que recua banco e volante para facilitar a entrada do condutor), som premium com nove alto-falantes, três twitters, rádio/CD e conexões Bluetooth, auxiliar e USB e... câmbio automático.

Fabio Aro
Por dentro do IS300, o luxo sobrepõe a esportividade, com apliques de madeira nobre, couro e muito silêncio

















Fabio Aro
Relógios têm aros metálicos e contornos luminoso que muda do azul para o vermelho quando se pisa mais fundo
Por mais que o futuro aponte para o aumento do número de carros esporte que usam caixas automáticas, um velocista que se preze é controlado à mão. Faz falta o jeito “roots” de controlar o motor pessoalmente. Tudo bem que temos hastes no volante do IS300 para trocas manuais. Mas será que a transmissão de seis marchas é ligeira e responde rápido mesmo nas trocas manuais? Só tinha um jeito de saber. Ajustei banco e volante, apertei o cinto, fechei a porta e... Silêncio extremo. “Caramba, não se ouve quase nada vindo de fora!”. O isolamento acústico é um dos aspectos mais impressionantes nos Lexus. Reforça a sensação de requinte. Tudo pronto, saí dos boxes. Queria ouvir o motor roncar.

Berço alemão

Como de praxe, as primeiras três voltas no circuito sinuoso da fazenda Capuava, em Indaiatuba, interior de São Paulo, foram de reconhecimento (do carro e da pista). Depois comecei a entender os tempos de troca de marcha. E com o traçado fresco, as sete voltas restantes foram “adrenalizantes”. O bloco 3.0 V6 enche rápido e produz acelerações vigorosas, ajudado principalmente pelos 30,6 kgfm de torque. O câmbio não é muito rápido nas mudanças em modo automático, mas nada que as borboletas no volante não resolvam. Aliás, a caixa é permissiva nas reduções e faz os giros saltarem. Para um sedã de luxo, o IS300 tem desempenho bem excitante.

Fabio Aro
IS300 é elegante e moderno por fora, mas desenho comportado não transmite toda a sua esportividade




















Fabio Aro
Sedã surpreendeu na pista com ótimas respostas do motor, equilíbrio nas retas e alta precisão nas manobras

Esse feeling, claro, não existe ao acaso. A Lexus desenvolveu a carroceria e a suspensão do sedã médio no fabuloso circuito de Nürburgring, na Alemanha. Ou seja, mais que a força do conjunto mecânico, o IS300 tem uma engenharia primorosa, que oferece comportamento realmente esportivo – na medida certa para enfrentar as versões mais poderosas do trio alemão Audi A5, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C. Ao volante, o equilíbrio dinâmico e a disposição para atacar curvas são impressionantes. O modelo não oferece ajustes de condução, mas a direção elétrica progressiva enrijece na medida certa quando a “tocada” fica mais agressiva. E as respostas aos movimentos têm precisão cirúrgica, conferindo grande confiança ao condutor. Na pista, a diversão sobrepõe o luxo.

Mas que fique acertado entre nós: o IS300 não é carro de corrida. Longe disso. Apesar de ter sido devidamente configurado para divertir (os freios dianteiros, por exemplo, têm pinças flutuantes de pistão duplo), o menor sedã da Lexus fica um pouco anestesiado pela eletrônica e pelo luxo. Há controles de estabilidade e de tração, ABS com EBD e assistente de emergência, e oito airbags – tem bolsas infláveis até para os joelhos dos passageiros da frente. Para completar, o modelo traz ainda o VDIM, sistema que gerencia toda a parafernália de proteção e o comportamento dinâmico. Talvez essa seja a justificativa para que o modelo custe R$ 218.500. Além do alto luxo e da mecânica açucarada, o sedã japonês de grife ainda oferece um nível de segurança estupendo.

Ficha Técnica
Lexus IS300
Motor: Dianteiro, longitudinal, seis cilindros em "V", duplo comando variável de válvulas (Dual VVT-i), injeção direta, gasolina
Cilindrada: 2.995 cm³
Potência: 231 cv a 6.200 rpm
Torque: 30,6 kgfm a 4.400 rpm
Transmissão: automática sequencial de seis marchas com paddle-shifts no volante
Suspensão: independente com braços duplos na dianteira, e independente com braços múltiplos na traseira; tração traseira
Freios: Discos ventilados na frente e atrás
Pneus: 225/45 R17
Direção: Elétrica progressiva
Dimensões: Comprimento 4,85 m, largura 1,80 m, altura 1,41 m e entre-eixos 2,73 metro
Capacidades: Porta-malas 378 litros, 1.656 kg em ordem de marcha
Preço: R$ 218.500
Fabio Aro

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