Muita gente se recorda do automobilismo romântico e perigoso dos anos
1970 com saudade. Mesmo aqueles que se enxergam, em perspectiva, como
“sobreviventes” de uma época cruel do esporte a motor. O filme “Rush -
No Limite da Emoção”, que estreia hoje em 210 salas de cinema de todo o
Brasil, retrata esta fase através da rivalidade entre o calculista
austríaco Niki Lauda e o fanfarrão inglês James Hunt, com o ápice na
disputa pelo título da temporada de 1976 da Fórmula 1, na qual morriam
dois ou três pilotos por temporada.
Campeão em 1972 e 1974, Emerson Fittipaldi acompanhou a pré-estreia do longa-metragem dirigido pelo premiado Ron Howard. E confessa que se emocionou ao rever o drama do amigo Lauda, que sofreu um grave acidente no GP da Alemanha daquele ano, ficando com o rosto deformado pelas queimaduras e os pulmões intoxicados pela fumaça. O brasileiro sabe porque esteve lá: além de resgatar o austríaco do carro em chamas (cena recriada com riqueza de detalhes no filme), ele acompanhou sua recuperação nos dias que se seguiram no hospital, quando recusou um convite que muitos pilotos buscam durante toda a vida, em respeito ao sofrimento do colega.
- A cena que mais me pegou foi quando o Niki estava morrendo, porque lembro que o Enzo Ferrari me ligou à meia noite, no hospital. O meu médico saiu de uma reunião com o médico do Niki e me disse: “Ele vai morrer porque está intoxicado, não consegue mais respirar, a pleura do pulmão queimou”. Eu estava chocado, do lado do quatro do Niki, quando o Comendador Ferrari me disse: “Você quer guiar já na próxima corrida? Estamos prontos”. E o Niki ali, morrendo. Esse é o mundo ingrato da Fórmula 1. Fico emocionado – confessa o bicampeão mundial.
Em respeito a Lauda, Emerson recusou o chamado do velho Enzo Ferrari, não abandonando o projeto da equipe brasileira que fundara com seu irmão.
A propósito, foi a saída do brasileiro para a equipe Fittipaldi, no
início de 1976, que abriu uma vaga na equipe McLaren em cima da hora.
Melhor para James Hunt, que ficara sem vaga para aquela temporada depois
que a equipe Hesketh entrou em dificuldades financeiras. Correndo com o
carro usado pelo brasileiro no título de 1974 e no vice de 1975, Hunt
ganhou corridas e se tornou um claro rival para o austríaco da Ferrari,
que buscava o bicampeonato. A decisão foi no GP do Japão, disputado sob
uma chuva torrencial.
- Muita gente me fala que, se eu continuasse na McLaren, eu ganharia o Mundial.
O “se” não ganha corrida. A realidade aconteceu. O James era um piloto muito rápido, e fez um campeonato muito importante tanto para a McLaren quanto para ele, numa disputa com o Niki que teve o ponto alto em Fuji. Foi um campeonato meio na sorte, porque, apesar do acidente, o Niki ia ser campeão mundial se não tivesse parado no Japão. Mas a aquaplanagem era tão grande na reta que era como jogar na loteria. Fomos pressionados a largar por causa dos direitos de televisão. Eu dei uma volta, o Niki também, e paramos. Não aceitamos aquele tipo de risco na época. O James aceitou e ganhou o campeonato – conta Emerson.
Encantado com a recriação das cenas de corrida e com a caracterização
de época em todos os aspectos, como carros, boxes, autódromos,
mecânicos, espectadores e tudo mais, Fittipaldi aprovou a escolha dos
atores escolhidos para viver os pilotos. Daniel Brühl faz o frio e
determinado Lauda, enquanto Chris Hemsworth encarna o mulherengo e
destemido Hunt.
- Os dois pilotos estão muito bem interpretados pelos artistas, tanto o Niki quanto o James. A voz, as expressões, o jeito de falar, tudo. O James era um piloto extrovertido, farrista, mas um querido amigo. Só tenho recordações ótimas dele. E o Niki, que é meu amigo até hoje, foi um dos grandes campeões, um dos melhores da história da Fórmula 1. De todos os filmes de corrida que eu vi, o “Grand Prix” (de 1966) é o mais histórico, clássico. Esse deve virar o próximo clássico, achei o máximo – frisa o ex-piloto.
Barrichello curte, e sugere novo filme
Igualmente impressionado com a qualidade de “Rush”, Rubens Barrichello destacou umas das grandes qualidades do filme, que é passar ao espectador a visão de um piloto de Fórmula 1, da emoção de acelerar à tensão vivida pela busco por resultados.
- Este filme transmite uma sensação de piloto muito exata. Alguns objetivos são conturbados, mas ao mesmo tempo você segue com a emoção. O Lauda contando o que fez ele passar por tudo aquilo depois do acidente é sensacional, transmite muito bem o que é a vida de um piloto – diz Rubinho, que considerou Lauda “rude demais” nas telas em relação ao que ele conhece na vida real.
Questionado sobre qual das 19 temporadas que disputou entre 1993 e 2011 valeria um filme, o recordista de GPs na F-1 não selecionou um campeonato, mas uma prova em especial.
- Acredito que a gente tem muita história para contar. A F-1 está chegando às telas e, de certa forma, isso é contagiante. Só a corrida de Donington já vira um filme! – sugere.
Vencido por Ayrton Senna de forma magistral, o GP da Europa de 1993, disputado no circuito inglês de Donington Park, foi a terceira corrida de Barrichello na Fórmula 1. Até hoje esta corrida é conhecida pela “melhor primeira volta da história”.
Campeão em 1972 e 1974, Emerson Fittipaldi acompanhou a pré-estreia do longa-metragem dirigido pelo premiado Ron Howard. E confessa que se emocionou ao rever o drama do amigo Lauda, que sofreu um grave acidente no GP da Alemanha daquele ano, ficando com o rosto deformado pelas queimaduras e os pulmões intoxicados pela fumaça. O brasileiro sabe porque esteve lá: além de resgatar o austríaco do carro em chamas (cena recriada com riqueza de detalhes no filme), ele acompanhou sua recuperação nos dias que se seguiram no hospital, quando recusou um convite que muitos pilotos buscam durante toda a vida, em respeito ao sofrimento do colega.
Emerson
Fittipaldi, de capacete azul e vermelho, ajudou a resgatar Niki Lauda
da Ferrari em chamas no GP da Alemanha de 1976. A cena é recriada no
filme 'Rush - No Limite da Emoção'
- A cena que mais me pegou foi quando o Niki estava morrendo, porque lembro que o Enzo Ferrari me ligou à meia noite, no hospital. O meu médico saiu de uma reunião com o médico do Niki e me disse: “Ele vai morrer porque está intoxicado, não consegue mais respirar, a pleura do pulmão queimou”. Eu estava chocado, do lado do quatro do Niki, quando o Comendador Ferrari me disse: “Você quer guiar já na próxima corrida? Estamos prontos”. E o Niki ali, morrendo. Esse é o mundo ingrato da Fórmula 1. Fico emocionado – confessa o bicampeão mundial.
A temporada de 1976 da Fórmula 1 teve muitos acidentes
James Hunt no cockpit da McLaren em 1976, ano deseu único título na F-1. Saída de Fittipaldi da McLaren deu a Hunt a chance de brigar pelo título.
- Muita gente me fala que, se eu continuasse na McLaren, eu ganharia o Mundial.
O “se” não ganha corrida. A realidade aconteceu. O James era um piloto muito rápido, e fez um campeonato muito importante tanto para a McLaren quanto para ele, numa disputa com o Niki que teve o ponto alto em Fuji. Foi um campeonato meio na sorte, porque, apesar do acidente, o Niki ia ser campeão mundial se não tivesse parado no Japão. Mas a aquaplanagem era tão grande na reta que era como jogar na loteria. Fomos pressionados a largar por causa dos direitos de televisão. Eu dei uma volta, o Niki também, e paramos. Não aceitamos aquele tipo de risco na época. O James aceitou e ganhou o campeonato – conta Emerson.
Campeões
na década de 1970, Emerson Fittipaldi, Jackie Stewart e Niki Lauda são
verdadeiro 'sobreviventes' de uma época em que acidentes na Fórmula 1
matavam três pilotos por temporada.
- Os dois pilotos estão muito bem interpretados pelos artistas, tanto o Niki quanto o James. A voz, as expressões, o jeito de falar, tudo. O James era um piloto extrovertido, farrista, mas um querido amigo. Só tenho recordações ótimas dele. E o Niki, que é meu amigo até hoje, foi um dos grandes campeões, um dos melhores da história da Fórmula 1. De todos os filmes de corrida que eu vi, o “Grand Prix” (de 1966) é o mais histórico, clássico. Esse deve virar o próximo clássico, achei o máximo – frisa o ex-piloto.
O
mulherengo James Hunt e o frio Niki Lauda são retratados no cinema
pelos atores Chris Hemsworth e Daniel Brühl, revivendo a disputa pelo
título da temporada de 1976 da Fórmula 1
Igualmente impressionado com a qualidade de “Rush”, Rubens Barrichello destacou umas das grandes qualidades do filme, que é passar ao espectador a visão de um piloto de Fórmula 1, da emoção de acelerar à tensão vivida pela busco por resultados.
- Este filme transmite uma sensação de piloto muito exata. Alguns objetivos são conturbados, mas ao mesmo tempo você segue com a emoção. O Lauda contando o que fez ele passar por tudo aquilo depois do acidente é sensacional, transmite muito bem o que é a vida de um piloto – diz Rubinho, que considerou Lauda “rude demais” nas telas em relação ao que ele conhece na vida real.
Questionado sobre qual das 19 temporadas que disputou entre 1993 e 2011 valeria um filme, o recordista de GPs na F-1 não selecionou um campeonato, mas uma prova em especial.
- Acredito que a gente tem muita história para contar. A F-1 está chegando às telas e, de certa forma, isso é contagiante. Só a corrida de Donington já vira um filme! – sugere.
Vencido por Ayrton Senna de forma magistral, o GP da Europa de 1993, disputado no circuito inglês de Donington Park, foi a terceira corrida de Barrichello na Fórmula 1. Até hoje esta corrida é conhecida pela “melhor primeira volta da história”.
Rubens Barrichello e a esposa Silvana na pré-estreia do filme Rush
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