Testamos o lado negro da AMG

Com V8 de 517 cv e visual bombadão, Mercedes C63 Black Series é quase um carro de pista

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Pra quê esse bocão tão grande, Black Series? Para engolir os adversários que se meterem na frente dele!
É tempo de festa na AMG. Completando 45 anos de atividades, a empresa especialista em preparar os carros da Mercedes está mais ativa do que nunca. Estive na sede da marca em Affalterbach, nos arredores de Stuttgart, para degustar de uma fatia do bolo de aniversário dos caras e, de quebra, saber o que eles preparam para os próximos anos. Quer saber? Você não perde por esperar o novo Classe A com motor 2.0 turbo de 335 cv e tração integral. E vale conferir a versão 100% elétrica do SLS.


Os alemães, no entanto, não falam de futuro sem mencionar o passado. E claro que os clássicos da AMG não poderiam faltar à festa. Mercedes C36, SL 65, E55 e, “hummmm”, um CLK Black Series estavam à disposição dos convidados. Não tive dúvidas. Deixei o almoço pra lá e caí naquele banco tipo concha enquanto ajustava o volante forrado de camurça. Olho para trás e...cadê o banco traseiro? Não tem. Foi retirado para aliviar peso.
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Bancos dianteiros têm formato tipo concha, para prender bem o corpo nas curvas. Acabamento traz detalhes em vermelho
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O painel aposta na discrição, mas vem com instrumentos de desenho mais agressivo e aplique de fibra de carbono


Saio pela tortuosa estradinha de mão dupla e sou instigado pelo motor V8 de 507 cv e pela suspensão de carro de pista. Aqui não tem lugar para conforto. O CLK simplesmente vai pulando nas curvas, de tão firme que é o acerto – animal! Pena que o passeio é curto. Retorno para a festa e carimbo meu passaporte de volta ao Brasil. Mais alguns dias e o substituto desse CLK estaria me esperando no circuito de Interlagos. Olá, C63 AMG Black Series!
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Na reta principal de Interlagos, o bólido beliscou os 230 km/h. E ainda mostrou ótima potência de frenagem
No autódromo
Ainda com os movimentos do CLK na memória, entro no C63 e me espanto com a diferença de acabamento. Lá era um carro aliviado, aqui estou num cupê de luxo – tem até o banco de trás. O assento tipo concha deu lugar a um mais confortável, enquanto o revestimento tipo Alcântara agora enfeita os bancos, parte do volante e a manopla de câmbio. Temos costura vermelha, grafismo mais esportivo nos instrumentos e acabamento de fibra de carbono.

Mesmo para quem já dirigiu um C63 AMG “normal”, o Black Series impressiona. As caixas de roda alargadas, as tomadas de ar saradas no para-choque dianteiro, as rodas aro 19 pretas... Tudo reforça o lado negro (e malvado) desse Classe C. Junto do Black Series em Interlagos estavam um SLK 55 e um E63, mas foi apenas com o C63 que consegui me aproximar do SLS que servia de guia no circuito.

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Saídas de ar laterais, rodas aro 19 pretas, um discreto aerofólio e quatro saídas de escape fazem o estilo "bad boy"
Não é só o motor. Na verdade, esse bloco é velho conhecido dos fãs da Mercedes. Com 6.2 litros (apesar do nome C63), ele já está sendo trocado por um novo 5.5, também V8, mas com dois turbos nos AMG mais recentes. De todo modo, esse aqui ainda faz um “estrago” muito grande. O Black Series chega a 517 cv, contra 467 cv do C63 comum, e tem o ronco ainda mais encorpado. É sério: chame um fã dos “V8tões” norte-americanos e ele não vai acreditar que esse barulho está vindo de um Mercedes.

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Motorzão V8 de 6.2 litros teve a potência ampliada de 467 cv para 517 cv. Fora o ronco de arrepiar!
Ainda inebriado por essa mistura de estilo “bandido” com ronco magnífico, saio dos boxes rumo à reta oposta já “plantado” no acelerador. O Black Series ganha terreno com facilidade, e logo está na cola do SLS. Os parrudos 63,2 kgfm de torque fazem os 1.635 kg do cupê parecem plumas, tamanha a capacidade de aceleração. Fim da reta, “subo” no freio e toco marcha pra baixo na borboleta da esquerda. Ahhh, enfim um câmbio que não te abandona, né, Mercedes?! Nesse Speedshift de sete marchas a troca é muito mais rápida que no SLK 55, e ele aceita reduções mesmo com o giro alto. Aponto a dianteira para esquerda e o Black obedece caninamente, lembrando que o ESP estava ligado – “não toquem nesse botão”, avisou a Mercedes.

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Com acerto de suspensão duro como uma rocha, o Black Series praticamente não inclina nas curvas 
Como no CLK Black Series, a suspensão do C63 é uma rocha. Nem pense em usar esse carro no dia a dia se você tem problema na coluna. Mas, aqui em Interlagos, esse acerto era tudo o que eu queria. O cupê chega a quicar nas pequenas imperfeições da pista, de tão rígido, mas sempre se mostra cúmplice do motorista ao andar forte. No miolo, ele responde com precisão e transmite confiança, já que o volante repassa as informações do piso de forma bem clara. E os freios? Uma cutucada com vontade no pedal e a velocidade despenca brutalmente.

Saindo das curvas, a capacidade de retomada também faz um sorriso abrir no meu rosto. Opa, olha a traseira do SLS chegando... Subimos a reta dos boxes de pé embaixo e ainda me lembro de ver o velocímetro beliscar os 230 km/h quando busquei o freio. “Meu Deus, isso realmente é um carro de corrida!”, pensei enquanto reduzia. Mais três voltas só me reforçaram esse pensamento. E a diversão ainda não havia acabado. Ainda iríamos nos ver de novo.

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No autódromo, o C63 se revela: é praticamente um carro de pista homologado para as ruas
Na pista de testes
Era hora de traduzir, em números, o ímpeto mostrado em Interlagos. Só que desta vez minha primeira providência foi desligar o ESP. E nem foi só por diversão, era para ganhar tempo na aceleração. Está bem, está bem, eu confesso que ensaiei alguns passos de drift e devolvi o carro para a Mercedes com os pneus 285/30 R19 da traseira mais lixados do que quando eles chegaram. Mas, numa pista fechada, você não faria o mesmo?

Bom, mas vamos aos testes em si. Para chegar aos 100 km/h, o cupê quase quebrou nosso recorde, com 4,4 s – o Audi R8 V10 fez 4,3. Os 400 metros foram vencidos em apenas 12,5 s, mas o mais impressionante foi retomar de 60 a 100 km/h em míseros 2 s cravados. Lembra que elogiei os freios? Pois a prova cabal da eficiência deles apareceu nos curtos 23,1 m exigidos na frenagem de 80 km/h a 0.

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As rodas aro 19 vestem pneus 255/35 na dianteira e 285/30 na traseira. No capô, aberturas aliviam o calor do V8.
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São outros números, porém, que tornam o C63 Black Series um carro quase exclusivo. Das 800 unidades fabricadas, apenas 13 vieram ao Brasil e 12 já estão vendidas. Se você ainda não garantiu a sua, o jeito é correr atrás do exemplar desse teste quando ele for vendido, usado, pela frota da fábrica. Quem sabe você não consegue um desconto nos US$ 337.800 pedidos pelo modelo 0km?

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