Em matéria de design, a Next é um passo à frente da concorrência; vendida por R$ 10.190
Jornalista automotivo está acostumado a andar com lançamentos que chamam atenção nas ruas. Já fui até cercado por uma multidão de estudantes quando estava testando o
Mercedes SLS Roadster para a revista. Mas poucas vezes respondi a tantas perguntas quanto agora na avaliação da
Next 250. E as questões vieram dos mais diferentes perfis de potenciais clientes: donos de 125 cc e 150 cc interessados em subir de categoria, proprietários das
Honda CB 300R e
Yamaha Fazer 250, ou simplesmente motoristas curiosos que emparelhavam seus carros ao lado da moto para puxar papo sobre a Dafra.
Não sei se a marca vai conseguir emplacar a média prevista de 10.000 Nexts por ano, mas uma coisa é certa: a nova street dá o que falar! Todo mundo elogia o visual, ainda mais nessa versão vermelha avaliada (há também branca e preta). Realmente, nesse aspecto a Dafra chega impondo um novo patamar na categoria, com linhas arrojadas, farol agressivo e rabeta com lanterna de leds. "É uma 600?", perguntou um taxista, "enganado" pelo design esportivo dessa 250. Quando não falava de estilo, o povo queria saber do desempenho. "Anda bem? Deixa a CB pra trás?". Vamos à resposta: Sim, ela anda bem, mas, não, não deixa a Honda na poeira.
Suspensões são bem calibradas entre conforto e estabilidade
Um dos atrativos da
Next é justamente o powertrain. Ele traz tecnologias até então inéditas na categoria, como motor com refrigeração líquida e câmbio de seis marchas, além do escape de aço inox. A potência de 25 cv e o torque de 2,75 kgfm a deixam bem disposta a acelerar, mas a
CB faz valer seu motor de maior cilindrada (que permite 26,5 cv e 2,8 kgfm). A Dafra diz que a
Next é a mais rápida da categoria, com 0 a 100 km/h em 11,9 s, mas, na prática, a
CB sai na frente se o piloto “enrolar o cabo”. Agora, diante da Fazer e seus 21 cv e 2,1 kgfm, a
Next se impõe nas arrancadas. E, nas retomadas, basta puxar marcha para baixo para que a Dafra responda com vigor.
Como típico motor de 4 válvulas (tem apenas um cilindro), ele rende melhor em rotações mais altas – de preferência de 4 mil rpm para cima. A máxima registrada no painel (sim, há um dedo-duro que mostra a maior velocidade já atingida pela moto) é de 144 km/h – obtida, provavelmente, num trecho em declive. Mas ela pega 130 km/h de velocímetro na reta, sem dificuldade.
Bocal tipo aviação não necessita de retirada da tampa; Rabeta tem desenho agressivo e lanterna com leds
O câmbio de seis marchas torna a condução divertida. Embora exija mais trocas, ele pode deixar o motor sempre "acordado" e ainda permite velocidades de cruzeiro relaxadas. A 100 km/h, em sexta marcha, o motor gira a 6.000 rpm, bem distante da faixa vermelha do conta-giros que se inicia nas 9.000 rpm. Isso colabora para o consumo e também para a diminuição do ruído em viagens. Quanto à vibração, o motor de exatas 249,4 cc é liso em baixos giros, mas se torna áspero após as 6.000 mil rpm, quando muda de ronco e passa a vibrar um pouco mais do que o desejado. Nada, porém, que chegue a incomodar.
Em relação à versão original taiwanesa, a Dafra fez algumas mudanças no projeto. A moto brasileira tem pedaleiras mais à frente, guidão mais alto e ângulo de esterçamento ampliado. Isso resultou numa posição de pilotagem bastante confortável para o piloto, sem ficar tão inclinado para frente como na CB. Mas a
Next continua esterçando pouco, o que prejudica as manobras em locais apertados, como ao desviar dos carros no trânsito parado. Outro fator que a deixa menos ágil no dia a dia é a maior largura do guidão, se comparada às rivais.
Sob o banco do garupa, bateria e estojo de ferramentas
E já que voltamos ao assunto concorrência, fiquei bem impressionado com o poder de iluminação do farol, de facho mais aberto e alcance maior que na Honda e Yamaha, além do painel bem completo. Só a
Next traz indicador do nível da bateria, alerta para troca de óleo e mostrador da marcha em uso, um recurso muito útil para iniciantes. O mostrador é bonito, com conta-giros analógico e demais instrumentos digitais, tudo enaltecido por uma iluminação azulada. Interessante também é o bocal do tanque, com tampa tipo aviação, que não necessita remoção.
Mais uma boa surpresa fica para o acabamento, com peças de boa aparência e tato, montagem cuidadosa e ausência de ruídos parasitas ao passar por buracos. Nesse ponto, a Next segue o padrão do scooter
Citycom 300i, outra moto da taiwanesa SYM fabricada no Brasil pela Dafra. Vale dizer que, para efeito de comparação, os produtos de Taiwan estão num patamar acima dos chineses.
Quadro de instrumentos registra máxima atingida e tem indicador de marcha em uso
Quem vê o desenho esportivo da
Next pode imaginar que as suspensões são duras, mas não é o que a gente encontra ao pilotar. Achei o conjunto bem calibrado entre conforto e estabilidade, com boa absorção de imperfeições (especialmente na suspensão dianteira) e segurança nas curvas. As rodas aro 17 com pneus Pirelli Sport Demon ajudam nesse aspecto. E o que dizer dos freios? Novo ponto positivo, com dois itens vindos de motos esportivas: sistema frontal com mangueiras revestidas por malha de aço e regulagem do manete em quatro níveis. A potência de frenagem agrada.
Mais moderna e equipada que as japonesas, e com desempenho e comportamento na média das concorrentes, a
Next tem mais uma carta na manga: é a mais barata da turma, por R$ 10.190, contra R$ 11.279 da
Fazer e R$ 11.690 da
CB. Por ser menos visada para roubos, a moto da Dafra também tende a ter seguro mais baixo. Ou seja, a nova 250 surge como boa alternativa às líderes de mercado. Quanto às demais questões dos interessados, como manutenção e assistência técnica, cabe à Dafra oferecer um serviço de pós-venda tão bom quanto a moto que ela está vendendo. Produto por produto, CB e Fazer ganharam uma rival à altura.
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