A partir desta quarta-feira (23), as revendas de carros em todo país começam a refaturar os veículos que estão à venda nos showrooms. O pacotão de incentivos à industria automobilística, anunciado na ultima segunda pelo governo federal, baixou de novo o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos carros, mesma medida implementada no fim de 2008 e que "salvou" o mercado brasileiro da forte crise financeira que se formou ao redor do planeta. Os "remédios" de agora, aliás, são basicamente os mesmos de três anos atrás: IPI menor e injeção de crédito. O Banco Central liberou R$ 18 bilhões do compulsório, para que as financeiras aumentem a oferta de credito, diminuam a restrição e alonguem planos. Ou seja, as parcelas dos financiamentos vão baixar junto com os preços dos modelos. Para arrematar, os lideres brasileiros reduziram o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para pessoas físicas.
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"Estamos num processo de troca das notas fiscais, mas acredito que a partir desta quarta-feira já teremos condições de faturar os veículos dentro dessa nova estrutura de tarifas", confirma Flávio Meneghetti, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Para os carros "mil", equipados com motores de 1.0 litro, o executivo exalta que a redução de preços pode chegar a 10%, com parcelas significativamente menores nos financiamentos pós-dilatação de prazos.
Na pratica, um popular que custa R$ 25 mil deve ter o preço reposicionado para perto de R$ 23 mil. Só que essa matemática não é tão simples quanto parece. "Antes tínhamos mais descontos. Agora temos só o que já existia. A margem de lucro das lojas está maior, porque os revendedores estão deixando de dar os descontos por causa do abatimento do IPI. Tem que tomar cuidado com os juros embutidos", alerta o economista Samy Dana, professor da escola de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Nesta terça-feira, algumas montadoras divulgaram suas novas tabelas de preços. Na lista da francesa Renault, os valores baixaram cerca de R$ 2.000. Um Clio 1.0 flex duas portas agora é oferecido por R$ 23.760, enquanto o "best-seller" Sandero custa R$ 26.280 na versão básica Authentique 1.0 flex. Detalhe: a financeira Renault segue a oferta de planos com "juro zero" e 36 prestações – mas nestes a entrada mínima é de 50% do valor do veículo.
Na chinesa JAC Motors, a situação ficou ainda melhor. Os preços estão cerca de R$ 3.000 menores, com financiamento atraentes. O hatch compacto J3, adversário do Sandero nas versões mais completas (com motor 1.6) teve o preço reduzido de R$ 37.900 para R$ 34.990. "Tem montadora falando que a taxa é zero, mas não é. Se um consumidor chegar com R$ 48 mil para comprar um modelo de R$ 50 mil, ele fecha negócio. Sempre que o valor à vista não coincidir com o valor a prazo, há juros embutido", aponta o economista da FGV.
Junho deve ser o mês das grandes promoções
Pouco a pouco, as montadoras estão revisando as listas de preços sugeridos para os próximos três meses – o IPI reduzido vai até 31 de agosto. Nesta quarta-feira, Ford e Nissan divulgaram novos valores para seus modelos. E o destaque é o hatch pequeno Ka, que está ainda mais em conta e segue como o carro mais barato do Brasil. A montadora norte-americana baixou o preço inicial de R$ 23.600 por R$ 21.240. Na Nissan, o compacto mexicano March também ficou bem mais em conta: passou de R$ 27.790 para R$ 24.990.
"Essa retomada do mercado deve começar em junho, porque o consumidor está muito atento, ninguém quer pagar a mais. Só quando todos os preços baixarem é que a competição vai começar, com festival de promoções e brindes", aponta o consultor Paulo Garbossa, da ADK Automotive. Um dos fatores que deve desencadear a profusão de ofertas é a grande quantidade de modelos em estoque – segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos (Anfavea), as concessionárias fecharam o mês de abril com um volume de carros suficiente para 45 dias de vendas.
Financiamentos devem exigir entrada mínima
Apesar de toda a força-tarefa do governo com a indústria automobilística e os bancos, não se espera que o mercado seja tomado pela euforia nos próximos meses. Isso porque as financeiras não devem oferecer crédito fácil como há dois ou três anos, quando havia financiamentos sem entrada e com prazos de até 81 meses (quase sete anos). "Não esperamos que os bancos liberem crédito tão fácil quanto naquela época. Desta vez, as vendas serão feitas sempre com entradas", confirma o presidente da Fenabrave, Flavio Meneghetti.
Já o economista da FGV, Samy Dana, e o consultor Paulo Garbossa, da ADK Automotive, chamam a atenção para os custos "extras". "As taxas de juros baixaram, mas ainda estão exorbitantes. Acredito que os bancos serão mais criteriosos, até porque o brasileiro não costuma somar os custos embutidos", lembra Samy. "Carro é como casamento. Tem supermercado, plano de saúde, colégio dos filhos... São muitos gastos além do apartamento. Se o consumidor não contabiliza isso, vai cair em divida ", completa Garbossa.
"Estamos num processo de troca das notas fiscais, mas acredito que a partir desta quarta-feira já teremos condições de faturar os veículos dentro dessa nova estrutura de tarifas", confirma Flávio Meneghetti, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Para os carros "mil", equipados com motores de 1.0 litro, o executivo exalta que a redução de preços pode chegar a 10%, com parcelas significativamente menores nos financiamentos pós-dilatação de prazos.
Na pratica, um popular que custa R$ 25 mil deve ter o preço reposicionado para perto de R$ 23 mil. Só que essa matemática não é tão simples quanto parece. "Antes tínhamos mais descontos. Agora temos só o que já existia. A margem de lucro das lojas está maior, porque os revendedores estão deixando de dar os descontos por causa do abatimento do IPI. Tem que tomar cuidado com os juros embutidos", alerta o economista Samy Dana, professor da escola de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Nesta terça-feira, algumas montadoras divulgaram suas novas tabelas de preços. Na lista da francesa Renault, os valores baixaram cerca de R$ 2.000. Um Clio 1.0 flex duas portas agora é oferecido por R$ 23.760, enquanto o "best-seller" Sandero custa R$ 26.280 na versão básica Authentique 1.0 flex. Detalhe: a financeira Renault segue a oferta de planos com "juro zero" e 36 prestações – mas nestes a entrada mínima é de 50% do valor do veículo.
Na chinesa JAC Motors, a situação ficou ainda melhor. Os preços estão cerca de R$ 3.000 menores, com financiamento atraentes. O hatch compacto J3, adversário do Sandero nas versões mais completas (com motor 1.6) teve o preço reduzido de R$ 37.900 para R$ 34.990. "Tem montadora falando que a taxa é zero, mas não é. Se um consumidor chegar com R$ 48 mil para comprar um modelo de R$ 50 mil, ele fecha negócio. Sempre que o valor à vista não coincidir com o valor a prazo, há juros embutido", aponta o economista da FGV.
Ford Ka pasou de R$ 23.600 para R$ 21.240 após o corte no IPI
Pouco a pouco, as montadoras estão revisando as listas de preços sugeridos para os próximos três meses – o IPI reduzido vai até 31 de agosto. Nesta quarta-feira, Ford e Nissan divulgaram novos valores para seus modelos. E o destaque é o hatch pequeno Ka, que está ainda mais em conta e segue como o carro mais barato do Brasil. A montadora norte-americana baixou o preço inicial de R$ 23.600 por R$ 21.240. Na Nissan, o compacto mexicano March também ficou bem mais em conta: passou de R$ 27.790 para R$ 24.990.
"Essa retomada do mercado deve começar em junho, porque o consumidor está muito atento, ninguém quer pagar a mais. Só quando todos os preços baixarem é que a competição vai começar, com festival de promoções e brindes", aponta o consultor Paulo Garbossa, da ADK Automotive. Um dos fatores que deve desencadear a profusão de ofertas é a grande quantidade de modelos em estoque – segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos (Anfavea), as concessionárias fecharam o mês de abril com um volume de carros suficiente para 45 dias de vendas.
Modelos da JAC como o J3 ficaram cerca de R$ 3 mil mais baratos com a nova medida
Apesar de toda a força-tarefa do governo com a indústria automobilística e os bancos, não se espera que o mercado seja tomado pela euforia nos próximos meses. Isso porque as financeiras não devem oferecer crédito fácil como há dois ou três anos, quando havia financiamentos sem entrada e com prazos de até 81 meses (quase sete anos). "Não esperamos que os bancos liberem crédito tão fácil quanto naquela época. Desta vez, as vendas serão feitas sempre com entradas", confirma o presidente da Fenabrave, Flavio Meneghetti.
Já o economista da FGV, Samy Dana, e o consultor Paulo Garbossa, da ADK Automotive, chamam a atenção para os custos "extras". "As taxas de juros baixaram, mas ainda estão exorbitantes. Acredito que os bancos serão mais criteriosos, até porque o brasileiro não costuma somar os custos embutidos", lembra Samy. "Carro é como casamento. Tem supermercado, plano de saúde, colégio dos filhos... São muitos gastos além do apartamento. Se o consumidor não contabiliza isso, vai cair em divida ", completa Garbossa.
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