Chevrolet Sonic enfrenta Honda City em duelo de sedãs

Em clima de game, novato da GM quer ser vencedor do segmento. Será que a tarefa é fácil?

Guilber Hidaka
Líder do segmento, Honda City é desafiado pelo recém-chegado Chevrolet Sonic
Isso entrega a idade. Mas vamos lá! No começo da década de 1990, um ouriço azul apareceu acumulando anéis e esmeraldas para disputar o gosto da molecada com dois irmãos encanadores que viviam no reino dos cogumelos (!). O Sonic chegava para desafiar o sucesso do momento, os irmãos Bros, Mario e Luigi. Vinte e um anos se passaram, a criançada cresceu e outro Sonic busca a preferência daqueles jogadores – que, agora, ajudam a controlar o movimento do segmento de sedãs. Os irmãos italianos não são mais os alvos. E, sim, um rival que, desde abril, foi renovado: o Honda City.


Prepare-se para dar o start nesse jogo. Mas antes, conheça melhor os jogadores:

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Honda City
No canto direito da tela, o líder de vendas.
Disponível em três versões, ele vem para a partida na configuração topo de linha, EX com câmbio automático, que sai por R$ 61.860.
Sonic Sedã
Do outro lado, o desafiante, que tenta resgatar o público jovem da Chevrolet.
Ele surge na versão LTZ com câmbio automático, que custa R$ 57.065. Além dela, só há a LT.

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1ª fase
Quem escolhe um sedã, quer espaço – para levar amigos e familiares, bagagens ou os três. Então, comecemos por aqui a disputa. Sonic e City trazem braços que invadem o porta-malas. No Honda, porém, eles são mais estreitos e melhor posicionados. Graças a isso e às caixas de roda que não ocupam tanto espaço do compartimento, o City é capaz de levar mais coisas: transporta até 507 litros contra 463 l, do Sonic - números aferidos por Autoesporte.
Do lado de dentro, a acomodação é similar nos dois. Enquanto o Sonic não deixa os mais altos no aperto, o City oferece mais espaço para pernas - a distância entre-eixos levemente superior (3 cm) ajuda. O japonês agora produzido na Argentina cuida melhor dos passageiros dos bancos traseiros quando o assunto é segurança: tem encosto de cabeça e cinto retrátil de três pontos para os três. No Sonic, o “quinto viajante” não tem onde descansar a cabeça e só conta com cinto sub-abdominal. Em compensação, há o sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis.

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Porta-malas do City (507 l) comporta mais bagagem do que o do Sonic e tem o espaço menos invadido pelas caixas de roda
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Desenvolvido sobre a mesma plataforma que o Cobalt, Sonic não tem um porta-malas tão generoso quanto o do irmão: leva 463 l ante 541 l
2ª fase
O Sonic era um ouriço descolado, sempre com seu tênis vermelho nos pés. O mesmo tipo de imagem que a Chevrolet quer passar com o Sonic. É bem verdade que a tentativa de ser moderninho pode se tornar um espinho no dedo. A ausência da cobertura do farol e o quadro de instrumentos destacado no painel são controversos. Mas, sem dúvida, dão ao sedã um ar menos conservador que o do City. As recentes mudanças na aparência, focadas especialmente nos para-choques, na grade dianteira cromada e na nova lanterna traseira até deixaram o Honda um pouco mais agressivo. Porém, no geral, ele mantém a seriedade - especialmente no interior.
É também com as portas fechadas que os ocupantes notam mais de esmero da marca japonesa no que diz respeito ao acabamento. O City tem detalhes de tecido nas portas, nas áreas em que os braços costumam se apoiar. Um cuidado simples, mas que se destaca diante do plástico rígido do Sonic. Por falar em plástico, o material é usado em abundância no painel dos dois personagens do comparativo. As superfícies oferecem bom toque. Mas, para modelos premium, falta um tanto mais de refinamento.

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City tem interior mais conservador, mas comandos estão à mão. O siste,a de som é bacana, mas difícil de operar
3ª fase No jogo, o Sonic não era muito paciente. Bastava a demora para receber um comando e pronto, ele começava a bater o pé “cobrando” uma atitude do jogador. O sedã não tem, nem provoca toda essa ansiedade. O motor Ecotec 1.6 16V, com potência de 116/ 120 cv e toque de 15,8/ 16,3 kgfm, não decepciona. Mas também não demonstra a disposição do ouriço. Ele demora um pouquinho para embalar, mas depois se sai bem. Na pista de testes, ele precisou de 11,6 s para ir de 0 a 100 km/h e de outros 5,2 s para retomar de 40 km/h para 80 km/h, ajudado pela transmissão de seis marchas - contra cinco do rival.

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A Chevrolet diz que buscou inspiração esportiva para criar o painel do Sonic; o acabamento bicolor agrada
O City, por sua vez, consegue ser ainda menos emocionante. O propulsor 1.5 16V rende 115/ 116 cv e tem torque de 14,8 kgfm com etanol ou gasolina. Nas duas provas usadas como referência para o Sonic, ele perde: seu 0 a 100 km/h leva 12,1 s e a retomada pede 5,5 s. Sua vantagem sobre o oponente está “escondida” atrás do volante: as borboletas para troca de marchas são muito mais atrativas e gostosas de usar que o botão na alavanca do câmbio automático do Sonic. Além disso, o funcionamento da transmissão é mais suave.

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Motor i-VTEC do City perde em potência e torque para o Ecotec que equipa o Sonic
Mais ligeiro que o City, o Sonic não cobra em consumo uma contrapartida. Na cidade, ele mata a sede com um litro de etanol a cada 7,5 km rodados. Na estrada, o consumo ocorre a cada 9 km percorridos. No perímetro urbano, o City bebe mais, faz 6,3 km/l. Em compensação, no rodoviário, alcança 11,7 km/l.
4ª Fase
Como os números de desempenho já provaram, nenhum dos sedãs tem pegada esportiva. A prioridade clara de ambos é o conforto. No Sonic, ele é ainda mais perceptível graças à macia suspensão. O City também demonstra um comportamento dócil. Mas passa um pouco mais de firmeza nas curvas.
As duas versões avaliadas vêm com rodas aro 16, de série, mas os pneus do Sonic têm dimensões maiores (205/55 x 185/ 55). O Sonic LTZ vem de série com rodas de alumínio, som com entrada USB e Bluetooth, comandos de áudio no volante, ar-condicionado, direção hidráulica (com ajuste de altura e profundidade), trio elétrico, computador de bordo , airbag duplo, ABS, sensor de estacionamento, bancos de couro e controle de cruzeiro. No City, a oferta é similar, mas a direção é elétrica.
No embate final, embora seja mais espaçoso e ofereça mais conforto e segurança aos cinco passageiros, o City perde em desempenho e preço. Se o uso do carro for mais urbano, ele ainda fica atrás no consumo. Não foi fácil. Mas o Sonic mostrou que tem tudo para se tornar um espinho no caminho do City.

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