"Chegou a tecnologia flex mais avançada do MUNDO". Se você tem acompanhado as propagandas de veículos, certamente terminou de ler a frase com a voz pausada e impostada, e ainda tentou aplicar um leve efeito de "eco" – para deixá-la próxima à do locutor do comercial, que já virou marca registrada da montadora. Ah, depois da leitura do slogan, você também já sabe que ele se refere a um modelo da Hyundai, não é?
Pois o primeiro bicombustível da marca chegou às lojas, o ix35. Mas e a tal “tecnologia flex mais avançada do mundo”? Quer dizer que não tem tanquinho de partida a frio? Hum... Tem, sim. Ah, então o ganho de potência foi enorme em relação à versão a gasolina? Não, exatamente. São 178 cavalos com etanol e 169 cv com o derivado do petróleo – o propulsor monocombustível entregava 166 cv. A motorização é nova? Foi desenvolvida especialmente para o veículo? Não... Na verdade, é a mesma unidade 2.0 16V usada pela Kia no Sportage, por exemplo.
Onde está o avanço tecnológico? Nós também não conseguimos "avançar" na questão. Tudo o que descobrimos com a marca é que alguns componentes do ix35 flex foram trocados ou recalibrados para trabalhar com etanol. A taxa de compressão, por exemplo, foi para 12,5:1 (em vez de 10,5:1) e o duplo comando de válvulas variável (admissão e escape) e o coletor de admissão variável foram modificados.
Motor 2.0 16V é o mesmo do Kia Sportage; nos dois utilitários, rende 178 cv com etanol e 169 cv, com gasolina.
No dia a dia, esses números são percebidos pelo motorista de uma maneira mais direta: o ix35 mantém o comportamento esperto, de respostas rápidas. O torque de 21,4 kgfm (20,0 com gasolina) cumpre bem seu papel. O câmbio de seis marchas, projetado pela própria Hyundai, oferece trocas suaves, quase imperceptíveis, o que colabora com o silêncio no interior da cabine. A 60 km/h, média de velocidade permitida nos centros urbanos, o nível de ruído fica em baixos 56,6 db.
O botão "Trip" aciona o display central, mas não mostra dados de consumo, só a quilometragem da viagem, a média de velocidade e o tempo de viagem (como mostram as fotos na ordem, da esquerda para a direita)
O ix35 flex está à venda em quatro versões. A única com câmbio mecânico tem preço a partir de R$ 88 mil. As outras três, equipadas com transmissão automática, têm valor inicial de R$ 93 mil. O ix35 flex topo de linha custa em torno de R$ 107 mil e passa a contar com o controle de declive DBC (downhill brake control), que atua sobre os freios e tração do veículo em grandes aclives e terrenos de baixa aderência. Para efeito de comparação, o Sportage, único outro flex da categoria, parte de R$ 90.900 e pode chegar a R$ 113.400.
Quem não faz questão do modelo bicombustível ainda consegue encontrar as últimas unidades do ix35 com motor só a gasolina. Em algumas lojas, é possível fechar negócio por até R$ 83 mil ao optar pela configuração manual.
A Hyundai afirma que vai manter sua estratégia de marketing, com foco na transmissão "do máximo de informações sobre os veículos, suas principais características e diferenciais". Bom... a gente até gosta do locutor, das propagandas que fazem comparações com carros de outras marcas... Mas ao apontar que é "mais isso" ou "maior aquilo" é preciso explicar o porquê. E, no caso do anúncio do ix35 flex, acho que o consumidor fica com mais dúvidas do que respostas.
0 comentários:
Postar um comentário